A atual greve de professores da rede pública estadual do Ceará ganha seu espaço na história recente pelo fato de não seu uma greve convencional, focada em melhorias salariais. Ao contrário, a atual greve é uma resposta da categoria a uma aparente tentativa do governador do Estado DESTRUIR a carreira do magistério na rede estadual e negar uma educação de qualidade ascendente aos estudantes. A proposta criada unilateralmente pelo governo, além de não contemplar a adequação dos vencimentos à lei do Piso, acabava com os poucos incentivos que o educador possuía na carreira, por exemplo ao estudo e permanência.
As dificuldades e falta de transparência nos processos propostos para mudança de nível, os valores irrisórios oferecidos aos educadores que concluíssem especialização, mestrado e doutorado e mesmo na mudança de nível, tornariam a carreira bastante DESINTERESSANTE. O governo do Ceará, que foi derrotado na mais alta corte do país e deve pagar o PISO aos professores, adequando os demais níveis até o superior, tentou dar um golpe na categoria, tornando-a refém de avaliações misteriosas e de um Plano de Carreira que não estimularia o profissional, dificultando sua ascensão funcional.
Além disso, o Governador Cid Gomes insiste em não cumprir o 1/3 para atividades extraclasse previstos na Lei do Piso. O 1/3 para “planejamento” é um avanço, capaz de possibilitar aos educadores mais tempo para planejar/elaborar aulas, atividades extra-sala, provas... Enquanto em grande parte dos países desenvolvidos o tempo fora de sala do professor é de 50%, aqui no Brasil avançamos para apenas 33% e o nosso Governador insiste em manter os meros 20% que já tínhamos. Sem tempo para elaborar, o educador não tem como melhorar sensivelmente o processo de educação. E temos de melhorar muita coisa.
Assim, o Estado do Ceará teima em acabar com a carreira do professor e negar-lhe o avanço nacional no tempo para planejamento, formação, elaboração... ESSA NÃO É UMA GREVE POR AUMENTO DE SALÁRIO: É UMA GREVE PARA QUE O ESTADO DO CEARÁ CUMPRA A LEI, VALORIZE O EDUCADOR E OS PROCESSOS NA EDUCAÇÃO, NÃO DESTRUA A CARREIRA DO MAGISTÉRIO!
Perguntas:
- 1- Que moral o educador tem ao ensinar que o estudante deve ser um cidadão que cumpre as leis, se o Governador do Estado não cumpre uma lei que beneficia a população?
- 2- Como podemos pregar para nossos alunos que eles estudem para crescer na vida, terem melhores empregos, se o Governador não estimula os professores a estudar e não quer oferecer o reconhecimento adequado aos esforços dos educadores em se aperfeiçoar? Nossos alunos não merecem professores com especialização, mestrado e doutorado? Sim, eles merecem! Nossos alunos merecem que nos capacitemos cada vez mais! É possível falar cretinamente como um gestor disse: “Não é necessário mestrado nem doutorado para ensinar”? Não, se quisermos elevar nosso nível educacional, se quisermos atingir plenamente os patamares do “1º Mundo”, temos de ter, como os países desenvolvidos, o maior número possível de mestres e doutores na educação. NÃO É MEDIOCRIZANDO A EDUCAÇÃO QUE ELA MELHORA!
Tenho orgulho de viver este momento de reação ao atentado terrorista que o governo tenta realizar contra o magistério e ao direito do estudante de uma educação de qualidade. Tenho orgulho de participar dessa greve! (Marcos Figueiredo)
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