Antes de minhas colocações, devo informar:
- A greve continua, até o fim dos prazos legais;
- Estamos fazendo História;
- Vamos resistir e usar os instrumentos jurídicos possíveis;
Desde sexta-feira passada (26) que os professores do Ceará são bombardeados por textos, notícias, etc, que visavam atemorizar o corpo de educadores diante da decretação da ilegalidade da greve. Mesmo a APEOC emitiu uma série de textos conclamando a categoria a ter “responsabilidade”, “bom senso” diante da situação delicada na qual se encontraria, ou seja, mesmo o sindicato puxava a categoria para o fim da greve.
Posturas questionáveis por parte do sindicato não são nenhuma novidade. Novidade mesmo é o fato de, após muito tempo adormecida, a autoestima, a confiança em sí própria, a capacidade de indignar-se, o desejo de sonhar e lutar por algo melhor, todos estes sentimentos e valores, despertaram, acordaram na maioria da categoria, e transformou-se em coragem para enfrentar a vergonhosa decisão do Tribunal de Justiça do Ceará de decretar a ilegalidade de nossa greve.
A Justiça do Ceará, que não goza lá de muito prestígio diante da maior parte de nossa população, deu mais uma prova de seu caráter questionável e falho. Mas, em que pese o terror foito em relação à ilegalidade da greve, o que se viu na Assembleia Geral desta memorável segunda-feira, 29 de agosto de 2011, foi uma categoria altiva, consciente de que não estava fazendo nada de errado.
A consciência limpa e o sentimento de dever moral e histórico levaram os professores a manter a greve. Foi emocionante! Confesso que, na hora da votação, fiquei arrepiado, feliz, surpreso e orgulhoso. Estava cercado por pessoas que não aceitaram a imagem de que o professor não é nada, é desunido enquanto classe, que está acovardado e acomodado. No Ginásio Aécio de Borba, em uma Assembleia com mais de cinco mil professores, gritaram por seus direitos e pela educação pública de qualidade, valentes guerreiros, não ovelhas amedrontadas. Quase ninguém engoliu o discurso ofensivo do Governo e parte do sindicato que buscava “vilanizar” o professor, colocando-o como um ilegal, um marginal, um bandido. Ao contrário, o corpo de professores que lá estava, sabia que estava defendendo a dignidade de professores, alunos, pais, comunidade! Ilegal, imoral, é todo aquele que desvia dinheiro público em esquemas de “banheiros fantasmas”, ou de festas pagas com dinheiro do povo, ou com viagens pagas por empresários. Imoral, também, é a parca verba para a merenda escolar nas escolas estaduais. A mesma justiça que se presta ao serviço sujo de decretar a ilegalidade de nossa greve, é a mesma justiça que é tolerante, cega e aliada de espertalhões que desviam recursos públicos.
Pesquise quantos dos nossos eminentes políticos e gestores públicos têm indícios ou condenações por má utilização de recursos públicos e, mesmo assim, estão intocáveis em seus cargos e funções.
O desembargador que decretou a ilegalidade de nossa greve teria argumentado que a merenda escolar era essencial para a nutrição do estudante. Será que este senhor teria coragem de determinar ao Governador o aumento da verba da merenda, ou acha que os míseros centavos que cabem a cada aluno são o suficiente para a dignidade dele? Creio que não. Nosso povo merece um judiciário melhor.
Caro(a) colega, lembre:
- O retorno à sala, quando for feito, deve ser realizado coletivamente, sem pressa, de acordo com um calendário a ser divulgado no site da APEOC;
- Quando tivermos de voltar, devemos voltar de cabeça erguida e com a vitória de ter feito o arrogante Cid Gomes recuar em sua pretensão de impor um PCCS que destruía nossa carreira, assim como forçamos ele a reconhecer nosso direito ao 1/3 para atividades fora de sala. Estamos dando, aos nossos alunos, uma aula prática, exemplos, de cidadania, de luta coletiva, de compromisso com o bem comum.
- Ilegal está o Governador, que lutou contra a Lei do Piso e foi derrotado no Supremo. Parabéns para todos nós e, ainda mais agora, a luta continua.
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